terça-feira, 15 de maio de 2012

A Ciência da Dependência Química: A resposta à pergunta: O que é dependência química...

A Ciência da Dependência Química: A resposta à pergunta: O que é dependência química...: A resposta à pergunta: O que é dependência química?  ainda não esta clara, apesar dos inúmeros estudos já realizados. Existe uma grande vari...
A resposta à pergunta: O que é dependência química? ainda não esta clara, apesar dos inúmeros estudos já realizados. Existe uma grande variedade de teorias que tentam explicar a complexidade da natureza da dependência química. Podemos resumi-las em quatro modelos básicos: o modelo de doença, o modelo de comportamento aprendido, o modelo psicanalítico e o modelo familiar, que descreveremos resumidamente.

        O modelo de doença teve muita influência nas abordagens de tratamento desde os anos de 1970. Entende a dependência como um transtorno primário e independente de outras condições: uma herdada suscetibilidade biológica aos efeitos do álcool ou das drogas. A dependência é vista como sendo similar a transtornos como a hipertensão essencial, por exemplo, que tem um componente bioquímico herdado. As principais características da dependência, de acordo com esse modelo, são: a perda de controle sobre o consumo de álcool ou drogas; a negação; o uso continuado, a despeito de consequências negativas; e um padrão de recaída.

        O modelo de comportamento aprendido segundo seus teóricos acredita-se que os comportamentos são aprendidos ou condicionados. Logo, os problemas comportamentais, incluindo pensamentos, sentimentos e mudanças fisiológicas, poderiam ser modificados pelos mesmos processos de aprendizagem que os criaram. Fazem parte desse modelo as seguintes escolas de pensamentos:
         Condicionamento clássico: explica como diversas situações ambientais tornam-se estímulos condicionados capazes de gerar respostas (craving, por exemplo).
         Condicionamento operante: estes teóricos acreditam que os padrões de comportamentos são determinados por reforçadores positivos ou negativos que ocorrem como resultado do comportamento. O abuso de álcool e drogas seria influenciado pelos dois tipos de reforços: o uso produziria o reforço positivo da euforia, do relaxamento e do bem-estar e removeria a ansiedade, a depressão, ou a tensão (reforço negativo).
         Modelagem: envolve a observação do comportamento de outras pessoas como forma de desenvolver habilidades. Seria a imitação de comportamentos. É vista como uma forma rápida e eficiente de mudança. Esse modelo tem explicado a iniciação do abuso de álcool ou drogas, especialmente em adolescentes, os quais imitariam os comportamentos dos pais e colegas. Essa escola propõe a imitação de comportamentos mais funcionais como tratamento.
        Modelo cognitivo-comportamental: este modelo acredita que as emoções e os comportamentos são influenciados pelos processos de pensamento. Para esses teóricos, determinados estímulos (internos ou externos) interagem com as vulnerabilidades do indivíduo, com suas crenças disfuncionais a respeito de si mesmo e a respeito do uso de substâncias e levam ao craving e ao comportamento de busca.

        O modelo psicanalítico entende o comportamento de uso de álcool e drogas como uma tentativa de se retornar a estados prazerosos da infância. As teorias psicanalíticas mais contemporâneas veem o uso de álcool e drogas como uma forma que o indivíduo encontra de se adaptar a seus déficits de autorregulação, que emergiram de privação ou de interações disfuncionais na primeira infância. Essas teorias têm sido rotuladas como "hipótese de automedicação". De acordo com essa hipótese, algumas deficiências do indivíduo poderiam levar a problemas com abuso de substâncias:
         Déficits na tolerância aos afetos: aquele paciente que sente "muito" ou "absolutamente nada"; que alterna entre intensa ira e vagas sensações de desconforto.
         Prejuízo nas habilidades de autoproteção: esses indivíduos falham em manter-se atentos, tomar precauções, ou evitar aqueles comportamentos que possam ter consequências perigosas.
         Vulnerabilidade no desenvolvimento da autoestima.
         Problemas na construção dos relacionamentos e da intimidade.


        O modelo familiar é composto por três modelos teóricos que são utilizados no campo de estudos do uso de álcool e drogas: o modelo de doença familiar; o modelo familiar sistêmico e o modelo comportamental. Apesar de cada um deles ter características distintas, a maioria dos centros de tratamento acaba usando todos os três, emprestando elementos de cada um deles. Essas teorias contribuíram muito para o entendimento da dependência, principalmente no que diz\ respeito ao conceito de equilíbrio e à importância das regras e metas que governam os relacionamentos familiares e como elas contribuem para a manutenção do uso de substâncias.

        Um quinto modelo concebe a dependência como sendo um fenômeno biopsicossocial. Esse modelo concebe a dependência tenta integrar as contribuições de todos os quatro modelos anteriores numa teoria unificada. Parece haver um componente biológico herdado nos transtornos de abuso de substâncias, mas este componente isolado não explica a complexidade do fenômeno. Fatores psicológicos, sociológicos, culturais e espirituais desempenham um importante papel na causa, no curso e nos resultados do transtorno.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


        Figle, N.F.; Bordin.S.; Laranjeira.R. Aconselhamento em Dependência Química. Segunda edição. Editora ROCA Ltda. São Paulo.